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Trabalho infantil no Brasil cai 21,4% em oito anos, mas desigualdades ainda preocupam

O Brasil registrou uma queda significativa no número de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE, entre 2016 e 2024 houve uma redução de 21,4% no total de jovens de 5 a 17 anos envolvidos em atividades laborais. Em 2016, eram cerca de 2,1 milhões; em 2024, esse número caiu para 1,65 milhão.

Apesar dos avanços, especialistas alertam que os desafios permanecem grandes e exigem políticas públicas consistentes para garantir que nenhuma criança tenha seus direitos violados.

Avanços conquistados

A proporção de jovens em situação de trabalho infantil caiu de 5,2% para 4,3% no período.

O número de crianças e adolescentes nas piores formas de trabalho infantil – aquelas consideradas mais nocivas e perigosas – caiu para cerca de 560 mil, o menor patamar desde 2016.

A maior parte do trabalho infantil (54,1%) ocorre em atividades domésticas e de cuidado de pessoas, muitas vezes invisibilizadas pelas estatísticas e pelo debate público.

Desafios que persistem

Apesar da queda expressiva, os dados revelam desigualdades profundas:

Raça e gênero: em 2024, 66% dos jovens em trabalho infantil eram pretos ou pardos, e a maioria (66%) era do sexo masculino.

Idade: a prevalência é maior entre adolescentes de 16 e 17 anos, dos quais 15,3% estavam trabalhando – muitos em jornadas de 40 horas semanais ou mais.

Educação: enquanto 90,5% dos adolescentes de 16 e 17 anos frequentavam a escola, esse percentual caía para 81,8% entre os que estavam em situação de trabalho infantil.

Regiões: o Nordeste concentra o maior número absoluto de casos (547 mil), com crescimento em relação ao ano anterior.

Um problema estrutural

O trabalho infantil está diretamente ligado à pobreza, às desigualdades regionais e raciais, e à ausência de políticas públicas permanentes de proteção social. Crises econômicas, cortes em programas sociais e falhas na fiscalização tornam os avanços frágeis e sujeitos a retrocessos.

O ICDH reforça que a erradicação do trabalho infantil não é apenas uma meta estatística, mas uma exigência para que o Brasil garanta o direito à infância, à educação e ao futuro de milhões de crianças e adolescentes.

O papel da sociedade

A luta contra o trabalho infantil exige articulação entre Estado e sociedade civil. É fundamental fortalecer políticas de proteção social, garantir acesso universal à educação de qualidade e apoiar as famílias em situação de vulnerabilidade.

O ICDH seguirá acompanhando de perto os indicadores, denunciando retrocessos e defendendo medidas concretas para que nenhuma criança brasileira precise trocar a escola pelo trabalho.

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