ICDH

O MC e o Rap

BY ANNA LUIZA OLIVEIRA SPOSITO

Após o alastramento benéfico do hip-hop, novas descobertas de manobras de disco
como, o carrossel, que consiste na mixagem da batida de uma música em outra, e a criação de
loops infinitos com os breaks, momento da música no qual apenas a bateria toca e ponto
máximo que as pessoas dançavam, a partir da junção de duas cópias do mesmo disco, criadas
pelo próprio Kool Herc e o scratch, que consiste na produção de sons rítmicos a partir de
“arranhões” no disco de vinil do DJ, criada por Grandwizard Theodore, o trabalho dos DJs
começaram a tornarem-se cada vez mais complexo. Assim, foi necessário que outra pessoa
cantasse as rimas e animasse a plateia, o MC, conhecido originalmente como mestre de
cerimônia. Seu canto é um discurso rápido e improvisado em rimas. Atualmente, o MC é
conhecido, também, como rapper.
O termo rap, por sua vez, caracteriza a música desse movimento artístico. No livro
“Se liga no som: As transformações do rap no Brasil”, Teperman afirma que foi encontrado
em dicionários do século XIV o significado da palavra rap como um verbo, “bater” ou
“criticar”, hoje pode ser considerado uma sigla para “ritmo e poesia”, “revolução através das
palavras” ou “ritmo, amor e poesia.”. Além disso, antes de ser associada a música, Jamil Al –
Amin, um dos principais líderes dos Black panthers, partido político ativista dos movimentos
negros dos anos 60 nos EUA, inseriu a palavra rap em seu nome e assinou sua autobiografia:
H. Rap Brown. Assim, ainda de acordo com Teperman: “mais do que explicações, essas são
interpretações, e defender uma delas é uma espécie de alinhamento ideológico, que terá
impacto no modo como essa música se situará no mundo social.”
Apesar de suas diversas vertentes, como por exemplo o trap; boom-bap; rap gospel;
r&b; gangsta rap e o rap ostentação existentes hoje, o rap surge dentro do capitalismo como
forma de contradizê-lo por meio denúncia e crítica às desigualdades sociais, raciais,
classicistas e cultural, como: a violência institucional, a arbitrariedade do Estado, tráfico de
drogas, carência de infraestrutura e de educação. Com o surgimento do rap, surge uma
maneira indispensável de reflexionar e analisar os estratos da sociedade, em seu âmbito
estético e sociocultural, assim como as linguagens usadas para denunciar as injustiças do
Estado contra os marginalizados pela sociedade. O hip-hop então, se torna a manifestação
artística mais contundente surgida no século XX no sentido de resistência e luta social que os
pretos latinos periféricos usam para se expressar.

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