BY ANNA LUIZA OLIVEIRA SPOSITO
A linguagem corporal do hip-hop, a dança, é conhecida como breakdance ou b-boying e os seus dançarinos são conhecidos como b-boy e b-girl:
Ganhando representatividade junto com o movimento hip-hop no Bronx, no momento em que o DJ soltava o break, os dançarinos dançavam com maior intensidade. Assim, os jovens que frequentavam as festas começaram a se comunicar mais devido um interesse em comum, a dança, e, consequentemente, se tornaram mais próximos e se reuniam mais. Essa
linguagem corporal é expressada por movimentos acrobáticos, rotatórios e repentinos com todo o corpo, usando o chão de apoio para os pés ou as mãos e relacionando com a música que está tocando no momento
Além disso, o hip-hop possui dentro de sua cultura outra manifestação artística, o grafite. A palavra grafite tem origem italiana “escritas feitas com carvão”, uma vez que os romanos protestavam escrevendo com carvão nos muros das construções, sendo que, essas escritas, ainda podem ser encontradas em catacumbas e em sítios arqueológicos espalhados pelo país. Buzo (1972, p. 249) “escritas e caligrafias munidas de muitas expressões, ações, representações periféricas em espaços públicos, que revelam e despertam o desejo de marcar e representar os territórios, contendo signos, imagens, técnicas, cores, sentimentos nos muros, sem a preocupação de rotular e dizer: isso é grafite”.
Na década de 70, essa arte também marginalizada pela sociedade e perseguida pela polícia, começa a receber representatividade no Bronx juntamente com o movimento hip-hop, sendo registrada pelos artistas por meio de uma tag, identidade artística presente nas pinturas, a fim de reconhecer o artista que as produziu. Elas eram feitas, principalmente, no metrô que atravessava Nova Iorque. Sendo assim, os artistas começaram a ganhar reconhecimento e espaço para expor as suas obras como as demais pinturas, mas não se pode esquecer que seu espaço de maior referência, onde se iniciou e ganhou nome, são as ruas.
Grosso modo, pelo seu caráter ativista apresentado, um dos precursores do hip-hop, Afrika Bambaataa (RÁDIO USP, 2020), defende que o movimento ganhou seu sexto componente: o conhecimento, ou seja, o teor filosófico e intelectual presente nele. Bambaataa, é um nome importantíssimo dentro do hip-hop, sendo um dos DJ pioneiros no Bronx e considerado o padrinho dessa manifestação artística por diversos MC’s, estando conhecido por suas músicas estranhas e obscuras, além de ter possuído a aparelhagem de som mais potente da época.
No contexto do surgimento do hip-hop, a tradição das gangues estava presente por todo o Bronx e, Afrika Bambaataa, era o líder da mais temida, a Black Spades (espadas pretas). Nesse sentido, ao perceber o potencial benéfico daquela manifestação artística composta por plurais artes, ele começa a induzir seus seguidores para um caminho menos violento. Assim:
“O clima gangueiro que paira o ar provavelmente é o que leva as pessoas com pretensões criativas a formarem grupos, em vez de se expressarem sozinhas. O fenômeno das “batalhas”, presente em todas as disciplinas do hip-hop, certamente é fruto da mentalidade de gangue. (Ed Piskor, 2013).